Ética



1.      Introdução

No presente trabalho de investigação nos ocuparemos em descrever as visões éticas de MacIntyre, Aristóteles e Rawls com vista a concluir as relações existentes entre eles. A ética das virtudes proposto na obra depois das virtudes, a ética das virtudes aristotélica e a ética apresentada na teoria de justiça respectivamente. Para a realização deste trabalho foi usada a técnica de revisão bibliográfica que consiste em leitura e hermenêutica de obras dos autores. O objectivo ‘e como fizemos transparecer antes concluir as relações que existem na maneira de ver a ética (uma disciplina, que etimologicamente se presa com a reflexão sobre a moral).


A filosofia moral de MacIntyre é uma rebusca da concepção Aristotélica da ética. Ao longo do trabalho apresentaremos como essa rebusca foi operada pelo filosofo em alusão e apresentaremos em que aspecto MacIntyre se distancia de Rawls.   
Relação entre ética de MacIntyre, Aristóteles e Rawls
Para o estabelecimento da relação da ética entre esse trio é necessário em primeiro apresentarmos o que cada um entende da ética e posteriormente procuraremos estabelecer o que há de comum nas suas concepções do campo que nos interessa estudar. Em seguida está a descrição das suas concepções éticas. 

2.     Aristóteles

Aristóteles nasceu em Estagira em 384/383 a. c. na fronteira macedónia, viveu em Pela, na sede do reinado de Amintas e frequentou a corte, foi a Atenas aos 18 anos, onde ingressou na academia platónica e consolidou e amadureceu a sua vocação filosófica, assimilou princípios platónicos e mais tarde criticou-os para formular novas teses em direcções autónomas. Emigrou de Atenas para Ásia menor com a morte de Platão (REALE e ANTISERI. 2007. 217).

   

3.      Concepção ética de Aristóteles

A concepção ética de Aristóteles esta ligada ao processo do alcance da felicidade próprio do Homem, sendo felicidade, o prazer ou riqueza para a maioria dos homens, enquanto para outra a felicidade é a honra e sucesso. Na posição de Aristóteles contrariamente a tais homens, “estes bens têm todos defeitos, pois, põem o homem em dependência daquilo de que dependem os bens materiais e portanto, a felicidade ligada a tais bens é precária e aleatória, daí que, o homem enquanto ser racional tem como fim a realização desta natureza de ser racional consiste sua felicidade” (REALE e ANTISERI. 2007. 217).
Aristóteles, olhando no homem a abundância, além da razão, os apetites e os instintos ligados á alma sensitiva, tais que se opõem a razão, colocando um desafio á própria razão para que esta domine esses instintos e que para tal deve ocorrer por meio de virtudes éticas. “As virtudes éticas se traduzem em busca da justa medida entre o excesso e a carência nos impulsos e na carência” (REALE e ANTISERI. 2007. 217).
Não bastando às virtudes, o condicionador secundário para a observância da realização da justiça é o hábito de fazer boas coisas. “É o hábito, portanto, o constitutivo da responsabilidade moral do indivíduo” (Idem).
No conjunto das virtudes éticas, ligadas á vida prática, existem virtudes Dianéticas, estas conduzem o homem ao conhecimento de verdades imutáveis e para o sumo bem, assim, então se tem a sabedoria (Idem). A cognição do acto moral está na base pela qual Aristóteles apresenta a distinção entre a deliberação, escolha e volição que é a escolha dos próprios fins de entre a bondade e a maldade do homem.


4.      Rawls

John Bordley Rawls chamado pelos íntimos de Jack, nasceu em 21 de Fevereiro de 1921 em Baltimore, no Estado de Maryland, na região nordeste dos Estados Unidos. Rawls teve uma passagem pela vida militar, ingressou na Universidade onde cursou filosofia. No período 1949-50, Rawls dedica-se a outras áreas e não a filosofia. Nos dois anos seguintes Rawls passou a ensinar em Princeton, também participando de seminários de economia. É através de Urmson que Rawls consegue passar os anos de 1952 e 1953 em um programa de convênio em Oxford. É nessa época que Rawls começa a elaborar sua ideia de justificar princípios morais de acordo com um processo deliberativo construído para este fim.

5.      Ética de Rawls

Rawls parindo do imperativo categórico Kantiano, elabora uma reconstrução moral afirmando que o imperativo de Kant é apenas formal não traz conteúdo. Enquanto são os princípios morais que determinam a ideia da pessoa e que influenciam a razão prática. Coloca uma condição na elaboração de princípios morais, neste caso para que os princípios morais sejam universais é preciso que os indivíduos sejam livres e que estejam na posição original “ (…) a posição original é um modelo adequado de nossas convicções entre cidadãos livres e iguais” (RAWLS. 2003: 24). No entanto o que é a moral para Rawls?
A moral é a capacidade de formar uma concepção do bem: é a capacidade é a capacidade de ter, revisar e buscar atingir de modo racional uma concepção do bem. Tal concepção é uma família ordenada de fins últimos que determinam a concepção que uma pessoa tem do que tem valor na vida humana, ou seja do que se considera uma vida digna de ser vivida (RAWLS. 2003:26) 
Rawls está preocupado em estabelecer princípios de justiça na sociedade democrática, e aplicar esses princípios de justiça nas instituições básicas de política e economia. Tais princípios constituem a base para a construção de leis justas e devem ser estabelecidas a prior, isto é, antes de conhecerem os lugares a tomar nas associações. Há obrigatoriedade da observância dos requisitos antes propostos para que as teorias sejam abrangentes. Nessa ordem de ideia as pessoas devem ser livres iguais e racionais. 

Essa posição é concebida como uma situação equitativa para as partes tidas como livres, iguais e devidamente informadas e racionais, onde qualquer acordo concertado pelas partes na condição de representante dos cidadãos é equitativo (RAWLS. 2003:24).


Liberalismo Político de John Rawls é o resultado de vários ensaios publicados a partir de 1978, nos quais o autor, de certa forma, rebate as críticas direccionadas à apresentação de sua teoria da justiça como equidade. Esclarece e revisa alguns pontos de Uma teoria da justiça que, segundo ele, apresentavam erros ou não pareciam claros.
O liberalismo político pressupõe que, para propósitos políticos, uma pluralidade de doutrinas abrangentes e razoáveis, e, ainda assim, incompatíveis, seja o resultado normal do exercício da razão humana dentro da estrutura das instituições livres de um regime democrático constitucional. O liberalismo político pressupõe também que uma doutrina abrangente e razoável não rejeita os princípios fundamentais de um regime democrático (RAWLS, 1999, p. 24).
O Liberalismo Político proposto por Rawls aspira uma concepção exclusivamente política de justiça, independente de qualquer noção metafísica ou epistemológica. A partir disso, a justiça como equidade organiza-se mediante a esfera política presente em cada cidadão livre e igual. Diferentemente de muitas outras doutrinas morais, a noção política de justiça se apresenta como um ponto de vista independente porque pode ser apresentada sem a necessidade de conhecermos a que doutrina pertence. Trata-se de um aspecto permanente e inerente a qualquer pessoa, independente de sua concepção de mundo.
Em ambas as obras de RAWLS verificamos a insistência de ligação entre a politica e a moral, na sua concepção a moral torna se a base de toda a hegemonia politica que deve se efectuar na observância da igualdade entre os cidadãos, liberdade e uso da razão

6.      MacIntyre

 Alasdair MacIntyre foi nascido em Glasgow, na Escócia, na Universidade de Londres e na Universidade de Manchester. Emigrou para os EUA, onde prosseguiu uma importante carreira universitária, ensinando Filosofia na Universidade Notre Dame, Universidade de Vanderbilt, Universidade de Boston. As principais obras são:  A Short History of Ethics (1966); Secularization and Moral Change (1967) After Virtue (1981); Whose Justice, Which Rationality? (1988); Three Rival Versions of Moral Enquiry (1990); Dependent Rational Animals (1999)”.
  

7.      Ética de MacIntyre

MacIntyre considera que não é possível uma ética sem a história da ética, isto é, para compreender a moral, é preciso não se desligar as questões morais dos seus contextos e das suas circunstancias, assim, sua pretensão é reencaminhar á concepção aristotélica para a compreensão das questões morais, contrariando se aos princípios Kantianos de imperativo categórico, pois para ele, “não podemos estar regidos por imperativos categóricos pois são formalistas independentemente das circunstancias, do contexto e cultura” (MACINTYRE.1999) apud (MARQUES. 2005.03). Para ele o homem como agente moral é um ser situado, condicionado pelas circunstâncias e com laços que o prendem a uma comunidade com uma dada tradição.

MacIntyre, é da ideia de que não é possível que alguém não tenha preconceitos tradicionais da sua cultura, tradição e comunidade, daí que há impossibilidade de o homem ter uma cultura universal. “Depois de examinar cuidadosamente a crise normativa característica da modernidade, propõe nos a constituição de comunidades capazes de dar sustentação a vida intelectual e moral baseada em uma perspectiva aristotélica, pois não é possível pensar a moralidade sem referencia á pólis na percepção de que a comunidade por ele desejada é a própria pólis, isto porque uma comunidade não tem como constituir se num lugar vazio, situa se em um lugar politicamente já ordenado” (MACINTYRE. 1999) apud (OLIVEIRA. 2005: 118).  

A sua ética é teleológica, preocupada com a vida boa e com o bem, isto é, é uma ética situada sobre o papel da razão, onde a razão nos ensina a encontrar e alcançar o nosso verdadeiro objectivo (MACINTYRE. 1999) apud (MARQUES. 2005.04).  

A crítica que MacIntyre faz à ineficácia e esterilidade da moderna ética individualista, preponderante nas sociedades ocidentais materialmente desenvolvidas, é precisamente a ausência crescente de oportunidades seguras e prolongadas para a criação de laços de dependência cultural e comunitária durante a infância e a adolescência. No fundo, é a ausência cada vez maior de comunidades com virtudes (MACINTYRE. 1999) apud(MARQUES. 2005.06). À semelhança do que Aristóteles afirma na Ética Nicómaco, também MacIntyre dá um relevo particular às condições particulares no processo de deliberação e de escolha moral. Muitas vezes, somos incapazes de escolher o bem porque não damos a atenção devida, nem estamos bem informados sobre as condições particulares da situação. É o que Aristóteles chama de erro intelectual que afecta e diminui a nossa capacidade de julgar e de exercer a razão prática (idem).  

8.      Relação entre a ética de MacIntyre, Aristóteles e Rawls

A ética é uma disciplina que reflecte sobre a moral, Rawls define a ética como a reflexão sobre a capacidade de formular um bem. a De acordo com Aristóteles, a ética tem a finalidade  alcançar a felicidade, um bem comum.
No que toque a relação entre estes três autores encontremos em todos eles a defesa da liberdade e a busca das soluções partindo de uma base sólida que possa garantir a manutenção e efectivação de decisões racionais. Em Aristóteles, a defesa da finalidade da ética que é o alcance da felicidade, e que tem como factor motor as virtudes e não bastando a virtude, para ele o hábito também tem uma grande influência na conduta moral e que a justiça seja uma das virtudes que se deve cultivar com bastante precisão. O indivíduo no seu meio se constitui como um politico naturalmente. Já em MacIntyre apreciador de Aristóteles rebusca também na ética das virtudes a prática do bem, que no homem encontra suas raízes. Não podendo se descorar os preconceitos que os indivíduos apresentam, ou seja a ética deve voltar á comunidade olhar os hábitos, os usos e costumes para definir a conduta humana. Assim, como e m Aristóteles mesmo em MacIntyre o meio social e individual conta muito na definição da pessoa moral.
 Em Rawls também se defende a justiça á semelhança de Aristóteles. O projecto proposto por Rawls de uma teoria de justiça e equidade em que deva reinar a igualdade e se existirem diferença que devam beneficiar os menos prestigiados mostra claramente o interesse pela virtude denominada justiça.

9.      Conclusão     

Durante a realização do presente trabalho, procuramos mostrar as visões éticas dos três autores pelos quais percorremos e concluímos que, apesar de terem visões diferentes, mas entre eles comungam a ideia de liberdade e justiça. A fundamentação de cada conceito é portanto individual mas olhado para uma plataforma da prática do bem com vista ao alcance da eudonomia. Aristóteles a justiça é portanto a não exagero nem a carência, é a justa medida que deve ser alcançada pelo cultivo das virtudes assim como olhando a influencia do hábito das pessoas. As virtudes são ensináveis mas a forca do hábito determina, assim ficando que os aspectos determinantes da moralidade são a natureza, o hábito e a razão. Em Ralws a justiça se torna um dever de equilíbrio entre as sociedades e indivíduos económicos na vertente de uma equidade distributiva, onde quem tem mais é obrigado a retribuir aos menos favorecidos para que haja um equilíbrio. Reina também em Rawls a liberdade como condição para a construção de teorias éticas que possam conduzir a elaboração de princípios justos.     
Bibliografia
RAWLS, John. Justiça como equidade. São Paulo, 2003
RAWLS, John. O liberalismo político. Vol 3. 2ª Edição. 1993
Referencias Bibliográficos.
RRALE, Giovane e ANTISERI, Dario. Filosofia Paga e antiga. 3ª Edição. São Paulo. 2007
OLIVEIRA, Isabel Ribeiro. Notas sobre dois livros de MacIntyre. 2005
MARQUES, Ramiro. A ética de Alasdair MacIntyre. 2001


 (MACINTYRE. 1999) apud (MARQUES. 2005.03).

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