Os Países do Terceiro Mundo diante a Guerra Fria

Os Países do Terceiro Mundo diante a Guerra Fria

     Após o fim da Segunda Guerra Mundial as superpotências, EUA e URSS, encontravam-se em disputa pelo poder e pela influência política, económica e ideológica em todo o mundo, factor este que contribuiu para o surgimento da Guerra Fria. Essas superpotências não entravam em conflitos directos, mas sim interferiam em diversas regiões em conflito, onde cada superpotência apoiava um dos lados da guerra. Encontramos assim a bipolarização do mundo, num dos lados encontra-se os EUA (bloco capitalista) e do outro lado a URSS (bloco socialista).

     Em consequência dessa bipolarização surgiram as seguintes designações: Primeiro Mundo aos EUA e seus aliados, nomeadamente: o Reino Unido, a Turquia, a Espanha, a Alemanha, a França, entre outros, e o Segundo Mundo a URSS e os seus aliados como: a Letónia, Lituânia, Estónia, Roménia, Eslovénia, etc.

      Em 1950, o demógrafo francês Alfred Sauvy divulgou uma nova terminologia para designar os países das ex-colónias espalhados pela Ásia, África e América Latina referidos como países subdesenvolvidos e internacionalmente como países em via de desenvolvimento (PVD) que denominou-se o Terceiro Mundo.

     A Conferência de Bandung realizada em Abril de 1955 na Indonésia, pela iniciativa do primeiro-ministro indiano Nehru, pretendia suprimir a influência das metrópoles colonialistas como a Inglaterra, França, Bélgica e Portugal, onde solidarizou-se na luta dos povos africanos defendendo as suas reivindicações que deu um impulso decisivo na luta pela independência dos países colonizados.
     Essa conferência serviu para mostrou que os participantes lutavam por problemas comuns, um deles é o desenvolvimento, dando a vontade de desenvolver uma terceira força com peso na política mundial. A partir daí sugiram dois novos conceitos: o Terceiro Mundo que é sinónimo de países subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento e países não-alinhados, embora com algumas excepções.

Características dos países em desenvolvimento

     Os países do Terceiro mundo apresentam baixos níveis de desenvolvimento nas áreas de saúde, educação, de habitação e indústrias e apresentam altos níveis de pobreza e falta de alimentos, o que leva a dependências de ajuda de países desenvolvidos.

     Cerca de dois terços da população mundial é afectado pelo subdesenvolvimento, havendo diferenças entre os níveis de vida desses países comparados aos países industrializados. Os factores socioeconómicos que definem os países subdesenvolvidos são:

  • ·         Baixo rendimento por cabeça;
  • ·         Subalimentação e carências de proteínas;
  • ·         Alta mortalidade infantil e permanência de doenças endémicas e epidémicas;
  • ·         Elevado crescimento demográfico;
  • ·         Predomínio do sector agrícola sem mecanização e com sistemas de cultivo e de adubação arcaicos;
  • ·         Escassa industrialização;
  • ·         Inexistência de uma rede de transportes modernos capazes de satisfazer as necessidades da economia e da população;
  • ·         Elevado índice de analfabetismo;
  • ·         Carência de quadros técnicos qualificados na administração e na produção, chegando várias vezes a depender de quadros estrangeiros.
Causas do atraso do Terceiro Mundo

     Na hipótese de tentar explicar as reais causas do atraso do Terceiro Mundo, alguns pensadores como, por exemplo, o português Kaúlza de Arriaga afirmavam que o subdesenvolvimento deve-se à sua localização junto dos trópicos, o que obriga à redução das suas capacidades pensantes, pois, segundo os mesmos pensadores, o nível de pensamento é directamente proporcional à latitude, mas outros acreditam que a ruptura do equilíbrio demográfico, ou seja, o recuo da mortalidade não foi compensada pelo recuo da naturalidade causando o aumento populacional (explosão demográfica). Os maiores responsáveis pelas elevadas taxas de crescimento da população são: o fraco desenvolvimento económico e a dependência da agricultura de subsistência, onde o factor mão-de-obra é determinante, a ausência de técnicas de planeamento familiar, e as melhorias verificadas no domínio da saúde, onde o crescimento é directamente oposto ao desenvolvimento económico.
     Mas alguns argumentam que os factores que estão na origem do atraso dos países do Terceiro Mundo são vários e muito complexos, sendo que referem o clima, a distância em relação aos países que mais cedo arrancaram para a industrialização, a escassa ou a excedente densidade populacional, as desigualdades naturais de recursos, entre outras, como as causas do subdesenvolvimento. Mas esses factores não são comuns a todos os países subdesenvolvidos.
     A maioria dos pensadores defende que o subdesenvolvimento é uma consequência da colonização, pois, mesmo após a libertação os povos do Terceiro Mundo continuam sendo explorados pelos países ricos incluindo suas antigas metrópoles, assim, a dependência continua a fazer-se sentir nesses países, por meio de uma forte descapitalização, o que lhes obriga a depender fortemente de investimentos estrangeiros, sempre acompanhados por imposições políticas e acréscimos de dívida externa, facto que retarda o desenvolvimento das colónias para delas tirarem proveito de uma mão-de-obra barata, extrair a matéria-prima e colocar muito confortavelmente os seus produtos manufacturados de baixa qualidade, e sem possibilidade de compra nos mercados internacionais,

    A maioria desses países permanece numa economia de subsistência com o uso de meios de produção rudimentares. A agricultura usa a monocultura que gera um rápido desgaste dos solos e uma baixa produtividade. Para a sua sobrevivência económica, os seus governos têm-se dedicado a exportações quase exclusiva de matéria-prima e, devido ao elevado preço nos mercados internacionais, tornam-se responsável pelas roturas financeiras que caracterizam esses países e o não domínio de muitas técnicas, como irrigação, sujeita esses países a secas constantes, o que tem provocado doenças e fome quase permanentes.
     No entanto, têm sido levados esforços mundiais para a melhoria das condições actuais do Terceiro Mundo, uma das medidas é a transferência de tecnologia dos países ricos para os países pobres, produtores de matéria-prima e possuidores de uma mão-de-obra barata, e com garantias de lucros intensos para os investidores, para além do constante reescalonamento da dívida externas desses países.

Conclusão

     Após a realização do trabalho pudemos concluir que a terminologia Terceiro Mundo foi introduzida pelo francês Alfred Sauvy em 1950 que designava as ex-colónias da Ásia, África e a América Latina que encontram-se em via de desenvolvimento ou países subdesenvolvidos. Os países do Terceiro Mundo apresentam várias características, sendo o traço geral o atraso económico e uma ausência de desenvolvimento industrial, que os obriga a depender e quase que totalmente dos países desenvolvidos.
     São várias as hipóteses que tentam explicar o real motivo do atraso do Terceiro Mundo, dentre os motivos, encontramos: a sua localização junto aos trópicos; o elevado crescimento demográfico; os factores como o clima, a distância em relação aos países que mais cedo arrancaram para a industrialização, a escassa ou a excedente densidade populacional, as desigualdades naturais de recursos, entre outras; e a colonização.

Bibliografia
MAHILENE, Ilídio & Tiroza Bicá Bijal – História 10aclasse, 1a Edição, Maputo Person Moçambique 2013 Lda.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *